quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ele vai te ferir, mas siga em frente.

Lá fora o vento sopra forte e gelado. A chuva vai caindo calma, leve feito pluma. O inverno é assim, frio e aconchegante. Uma lareira com lenha queimando, uma taça de vinho no canto da mesa. Os olhos ficam parados, tentando ver através das janelas, admirando o tempo passar. Estão na espera de que as paisagens bonitas cheguem, que a neve caia, que o sol chegue para colorir o céu cinzento, que tráz saudades penduradas nas suas nuvens carregadas de água.

Quando o vento toca a pele, a membrana invisível da sensibilidade se rompe, fazendo doer o rosto, mãos, corpo. É quase como se fosse um toque sutil da natureza que diz: "Acorde, abra os olhos e siga em frente. Se proteja contra o vento frio, ele vai te ferir, mas siga em frente. Sempre."

Ah, e quando a chuva pára e o sol toma conta do céu? Aquela luminozidade, aquela cor quase dourada no final de tarde? Aquece o coração e mente. O sol chega, irradiando luz, calor e vida. São sensações que só o inverno te proporciona. São sentimentos que só o inverno carrega. São coisas que só se pode sentir uma vez por ano.

Eu sou uma amante convicta da primavera-verão. Sim, todas aquelas cores, flores, perfumes. Sensações. Tudo tão colorido, mais alegre e fácil de viver. Agradável, não sofrido. Mas enquanto minhas estações não chegam, desfruto do inverno, como se fosse aquele parente distante, que chega de malas e cuias para passar uma longa temporada em minha casa.

Momentos mais intensos de frio. Mas também uma boa quantidade de momentos que só podem ter a intensidade que tem quando o frio bate na porta. A proximidade das pessoas, o calor humano. A calma e a simplicidade que os flocos de neve carregam em si. As maravilhas que temos todos os dias frente aos nossos olhos e que não percebemos, pois eles estão ocupados, esperando as paisagens bonitas apontarem na janela.